As empresas não podem ser um deserto de notícias

As empresas não podem ser um deserto de notícias

Criar uma cultura de comunicação e estabelecer conexões positivas e duradouras entre empresas e seus públicos é um trabalho de longo prazo e, muitas vezes, complexo. Os desafios podem ser ainda maiores quando os escritórios ou unidades produtivas estão fora dos grandes centros ou cidades mais desenvolvidas.

De acordo com o Atlas da Notícia, projeto conjunto do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) e do Volt Data Lab, o Brasil tem hoje 2.712 municípios – que somam 26 milhões de cidadãos – sem um jornal, site ou rádio que trate de temas de interesse local. São os chamados “desertos de notícias”.

O motivo é simples: manter equipes capazes de apurar, checar, produzir e publicar informação correta e de qualidade custa caro. E está cada vez mais difícil pagar por isso com a receita de publicidade, assinaturas e venda em banca. A falta de uma imprensa profissional aumenta o risco de proliferação de notícias falsas ou de baixa qualidade por meios duvidosos.

O cenário tem sido amenizado pelo crescimento do jornalismo digital, seja ele nativo ou não, que tem custos de implantação, manutenção e distribuição menores. Mesmo os grupos tradicionais de mídia estão investindo em novos formatos – redes sociais, podcasts, eventos e outras tipos de relacionamento com o público.

Os dados sobre o consumo de mídia no Brasil que estão no Digital News Report, divulgado todos os anos pelo Reuters Institute e a Universidade de Oxford, reforçam essa mesma tendência de migração: 79% dos entrevistados afirmaram que se informam por meio online (redes sociais incluídas).

Isso mostra que as empresas precisam rever seus formatos e usar a criatividade para oferecer boa informação para os seus públicos, sejam eles internos ou externos – e seja lá onde eles estiverem. Ainda que em locais mais remotos, há formas on e off line que contribuem para manter as comunidades do entorno bem-informadas.

Essa política reduz ruídos e pode ajudar a minimizar potenciais crises – e a combater notícias duvidosas. Em grande parte das vezes, profissionais dedicados ao relacionamento com instituições e representantes locais é de grande ajuda. O processo de comunicação precisa ser liderado por quem detém a informação.

Mas não dá para lembrar disso apenas na hora da crise ou de uma necessidade pontual. A construção demanda tempo, planejamento e dedicação. Do contrário, empresas e seus executivos podem acordar um belo dia pregando no deserto ... de notícias.

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